Estava marcado um encontro entre a cúpula do Podemos (ex-PTN) em Goiás, o senador Álvaro Dias (candidato do Podemos à Presidência da República), e o senador Ronaldo Caiado (DEM), na última terça-feira, no Senado.
Apesar da investida de aliados do senador para anexar o partido há algumas semanas, que provocou reações do presidente do diretório regional, Sandro Resende, o Podemos estava disposto a conhecer a plataforma eleitoral de Caiado – como está aberto a ouvir os outros candidatos – e, se fosse o caso, estabelecer uma aliança com base em afinidades programáticas. Mas o improvável aconteceu: Caiado deu bolo e sequer apareceu para conversa.
O gabinete dele informou que estava em São Paulo no horário marcado para a audiência. Incomodados com a deselegância de Caiado, Álvaro e o comando do Podemos em Goiás decidiram eliminar qualquer possibilidade de composição com o DEM no Estado. Afinal, pensaram, um político que não honra a própria agenda honraria os termos de um acordo político, o que é muito mais sério?
Este é mais um indicativo da personalidade difícil do senador, que apesar de ser o líder em todas as pesquisas de intenção de voto para o governo, caminha isolado e sem o apoio de nenhum partido de médio ou grande porte em Goiás, como PP, PSD, PR, PTB ou o próprio Podemos. Caminham com Caiado sete ou oito pequenas siglas, graças a costuras que parecem ter sido consumadas não com conversas – algo para o qual o senador não tem vocação, mas com cargos da prefeitura de Goiânia, administrada pelo aliado Iris Rezende (MDB).
Há algumas semanas, Caiado tentou arregimentar o Podemos à fórceps, articulando a filiação em massa de prefeitos do MDB simpáticos a ele, como Adib Elias (Catalão), Paulo do Vale (Rio Verde) e Ernesto Roller (Formosa), e do deputado estadual José Nelto e um golpe para tomar o comando da agremiação. O Podemos em Goiás reagiu. Seu presidente, Sandro Resende, esclareceu que nenhuma tentativa de “anexação” da sigla teria êxito: tudo haveria de ser feito com diálogo.
Como Caiado não dialoga com ninguém, as tratativas terminaram aí.