É inevitável: o anúncio da criação da Supersecretaria da Economia pelo governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) e do Superministério de Economia pelo presidente eleito Jair Bolsonaro faz Goiás e o Brasil relembrarem o pesado da era Fernando Collor de Mello, quando o presidente, afastado por pedido de impeachment menos três anos após assumir, nomeou Zélia Cardoso de Mello para o Ministério da Economia.
A primeira medida foi o tenebroso confisco dos depósitos das cadernetas de poupança, nos primeiros dias de governo, em 1990. O desespero da população chegou no nível máximo quando, na sucessão de entrevistas para esclarecer a loucura econômica, Zélia se revelou uma enorme fraude e que ela própria não tinha a menor noção do que estava sendo feito. Espera-se que Bolsonaro e Caiado tenham essa lição negativa catalogada em seus manuais de economia, mas o fato é que o tal Regime de Recuperação Fiscal (RRF) é, na prática, um confisco de muitos direitos, especialmente dos servidores.
A economista Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt será a titular da Supersecretaria da Economia de Caiado. Estará na mão dela a tesourona que ela, Caiado e o superministro da Economia Paulo Guedes aplicarão nas contas públicas do Estado. Eles terão de forçar a barra para enquadrar o Governo de Goiás no RRF. Com o regime aprovado, o governador eleito terá de privatizar estatais e estará automaticamente autorizado, em decisão discricionária e unilateral, a suspender aumentos, concursos, planos de cargos e remunerações, gastos com publicidade na imprensa e o pagamento de convênios com as prefeituras.